Páginas

domingo, 6 de abril de 2014

Projeto utiliza basquete para levar valores às crianças

O clube "Cufa Baixada Santista Febre", com apenas um ano de treinamento, já coleciona vitórias. Além de vencer três partidas no festival de basquete realizado no Clube Espéria, em 2012, o projeto tem como objetivo levar o esporte e valores importantes às crianças.

Há dois anos com espaço físico em Santos, o projeto da Cufa (Central Única das Favelas) conta com mais de 120 inscritos, de 8 a 15 anos.

Jefferson Mariano, 26 anos, é responsável pela turma da manhã. Na quadra, o estudante de Logística passa muito mais que só dribles e arremessos. Nas aulas, Jefferson ensina as crianças a lidarem com o próximo, a respeitarem os pais em casa e, inclusive, a se esforçarem na escola. "Se está bem com os estudos, continua com o basquete. Se não, leva uma penalização até estar com os estudos em ordem".

Leonardo Prado, 14 anos, diz que, após entrar no projeto, mudou o comportamento e até o grupo de amigos. “Antes, eu ficava muito na rua, só zoando. Agora, não. Fico aqui, treinando basquete”. O estudante, no começo, entrou apenas por pedido da mãe. “Eu não gostava muito no início, vim mais no embalo, mas agora não saio mais da quadra”.

Segundo ele, seus pais e amigos o incentivam bastante a continuar com o esporte. E o menino quer fazer o mesmo pelos colegas. “Há três garotos da minha escola que dizem que vão vir. Daqui a pouco vou ter que ir na casa deles buscá-los”.

Adilson Felipe Filho, de 12 anos, também mudou o comportamento após iniciar os treinos. “Antes eu ficava em casa com tédio. Agora fico aqui jogando basquete”. Sobre o projeto, Adilson não tem o que reclamar. “Gosto de tudo. Nada aqui é ruim”. O estudante pretende, inclusive, seguir carreira no basquete.

Mesmo com tantos elogios feitos pelos alunos, o instrutor Jefferson ainda percebe algumas dificuldades no projeto. Segundo ele, a falta da cobertura na quadra prejudica as aulas, o que os deixa dependentes do tempo. Em dias de chuva, não há possibilidade de treinar. E com o sol muito forte, há o perigo de insolação.

Jefferson ainda diz que a falta da cobertura também impede outros projetos. O instrutor conta que muitos alunos pedem atividades diferentes, como arte, pintura e dança. “Mas para fazer isso, tem que reestruturar o espaço”.

Participação em campeonatos – Jefferson diz que, neste ano, já está inscrevendo a equipe na Liga Paulista de Basketball. Para ele, os torneios servem para complementar o projeto. "O carro-chefe da Cufa é tirar as crianças da rua. A gente nem cobra resultados, nem nada".

Inscrições – Para se inscrever no projeto e fazer parte das aulas de basquete, a criança ou adolescente precisa comparecer ao espaço esportivo Roberto Menna, localizado na Praça da Paz Universal, no Jardim Castelo, em Santos. O instrutor preenche a ficha de inscrição e, no mesmo dia, o aluno já pode participar do treino.

É preciso levar documentos como xerox do comprovante de residência, RG ou certidão de nascimento e RG dos pais ou responsáveis. É necessário, também, um atestado médico. Porém, segundo o professor, este pode ser entregue mais tarde.

A média de idade para participar da escolinha é entre 8 e 15 anos. “Mas se a criança tiver um pouco mais ou um pouco menos, ela pode vir treinar também. O importante é colocar todo mundo para brincar”.

Os treinos de basquete são totalmente gratuitos, desde as aulas até os transportes de eventos e campeonatos. Segundo Jefferson, quem lida com as despesas é a Prefeitura de Santos e a Cufa. Os treinos podem ser feitos nos períodos da manhã, tarde ou noite. O projeto é aberto para qualquer criança ou jovem que queira participar, independentemente do bairro onde mora ou classe social.


Matéria publicada no jornal laboratório Unisanta Online da Universidade Santa Cecília em 23 de março de 2013. Link original. Créditos da foto: Juliana Duarte.