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domingo, 6 de abril de 2014

O fim de semana sem descanso dos plantonistas nos hospitais

Praia, shopping, campo, baladas, descanso... Para muitos da Baixada Santista, essa é a definição de fim de semana. Porém, para os médicos e enfermeiros que cumprem plantão nesses dias, a definição é bem diferente e passa longe do ‘aproveitar a família e descansar’.

Mas isso não é nenhum problema para Maria de Lourdes Silva de Jesus, 59 anos, mais conhecida como Malu. A auxiliar de enfermagem, que está na área há 28 anos, mesmo aposentada, trabalha todos os dias, alternando entre a Maternidade Municipal de São Vicente e o Hospital São José.

“Sem essa profissão eu não sou ninguém”. Sempre bem humorada, Maria ainda diz que, nos dias de folga, se os seus supervisores precisam de seu serviço, ela atende e volta ao hospital. Segundo ela, o trabalho está em segundo plano em sua vida. “Primeiro Deus, depois os meus filhos e a minha profissão ao mesmo tempo”.

Católica, a auxiliar de enfermagem também reserva seu tempo à religião. “Saio do trabalho e vou à Igreja, da Igreja para casa e de casa para o trabalho”, diz. Em seus dias de folga, Maria aproveita para cuidar da aparência, da casa e reunir a família. Ela tem dois filhos: um de 32 e uma de 35.

O mesmo acontece com Silvana de Borba Silva, 45 anos, e enfermeira na Maternidade Municipal de São Vicente e no Hospital São José. Com 12 anos de profissão, Silvana diz que, atualmente, vive mais no trabalho do que com a própria família.

"A gente se fala mais por telefone e eu estou mais presente nos finais de semana”, conta. Porém, segundo ela, essa correria é bem entendida por suas filhas. “Tanto que a mais velha está fazendo a mesma faculdade que eu”.

Silvana ainda diz que, às vezes, deixa de viajar com a família para ter que trabalhar. “Eu nunca viajo sem elas, elas que viajam sem mim”, diz. Sobre a rotina, a enfermeira diz ser bem agitada. “Mas a gente vai levando”, conclui.

Roberto Thadeu L. Muniz, 34 anos, partilha essa rotina com a esposa. O dentista, que está estudando Medicina, faz plantão no Hospital Municipal de São Vicente (antigo CREI). “Como ela é médica, fica mais fácil de conciliar porque ela sabe como é essa parte”.

O casal usa os dias de folga para fazerem programas juntos. Além da esposa, a família de Roberto também compreende a rotina agitada, já que muitos trabalham na área da saúde.

Segundo ele, apenas os amigos que não são da área não entendem seu excesso de trabalho. “Eles ficam meio revoltados. Eles acham que nós trabalhamos demais. Mas faz parte da profissão”.

A enfermeira Iara Regina Santos, de 35 anos, trabalha desde 2007. Iara, que tem uma filha de três anos, diz que divide os fins de semana com o pai da criança. “Ele fica com ela em um fim de semana e eu, em outro”.

Segundo ela, de manhã é preciso sair de casa sem fazer barulho. “Se não, minha filha acorda e começa a chorar”. A enfermeira, que faz plantão de 12h por 36h na Maternidade Municipal de São Vicente, diz que tenta contornar a situação e quando está de folga, usa o tempo para curtir a filha, fazendo passeios ou programas caseiros junto a ela.


Matéria publicada no jornal laboratório Unisanta Online da Universidade Santa Cecília em 13 de abril de 2013. Link original. Créditos da foto: Juliana Duarte.